Que Charles Chaplin foi um gênio em
muitos sentidos, não resta dúvida. Em “O Grande Ditador”, o ator proferiu
um discurso sincero pela liberdade. O que mais chama a atenção é a atualidade
do discurso. Ainda hoje, tudo o que foi levantado é reiterado por muitos que
buscam e/ ou acreditam em um mundo mais justo e igualitário.
É cabível analogias aos fatos recentes de
manifestações populares que têm como foco diversos problemas sociais. Existem
apelos de liberdade há tempos no mundo inteiro sobre vários contextos, mas que
se assemelham no sentido de serem contra o poder que “escraviza” o povo, que
exalta a desigualdade e faz inchar a opressão.
Ressalte-se: as manifestações no Brasil
aparentam ter um cunho generalizado, apartidário, que converge à raiz de todas
as desigualdades e opressões do sistema como um todo. A centelha que faltava
para desencadear essa sequência de movimentos no País foi o aumento das tarifas
de transporte público em R$ 0,20 em São Paulo. Foi a gota d’água em um
recipiente já saturado. Sabe-se, nitidamente, que o movimento não se limita a
essa questão. Mais do que isso, é notório que a problemática não se finda
somente em um aumento de vinte centavos.
Sob o prisma do desencanto
político-social, temos problemas desta natureza comuns em vários países, os
quais endossaram suas manifestações populares em escala global. Nessa
esteira, é possível traçar um paralelo com este trecho do discurso:
“Os homens que odeiam desparecerão,
os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo.”
Tal trecho faz menção ao fato de que
o detentor da força é o povo unido contra todas as formas de opressão. Possível
fazer alusão ao quadro de Delacroix, já mencionado em uma outra abordagem deste
blog, cujo título é “Liberdade Guiando o Povo”. Caso queiram saber o contexto,
cliquem aqui.
Em um salto histórico, hoje vemos o
Brasil se erguendo, momento em que o povo resolve mostrar sua voz, ir às ruas.
Uma luta por melhores condições sociais, para que o Estado cumpra devidamente o
seu papel. Uma luta em prol da segurança, saúde, educação e, por que não dizer,
pela dignidade da pessoa humana constitucionalmente prevista? Vive-se, neste
país, sob um regime de exploração, inclusive tributária, onde o brasileiro
trabalha cerca de cinco meses somente para pagar impostos e demais tributos. A
violência político-social é escancarada!
Até então vimos que tentam nos
empurrar goela abaixo a política do “pão e circo”, mas não há qualquer
possibilidade de que isso seja acatado eternamente, embora o interesse da
minoria dominante seja de que tal política se perpetue. Pode-se relacionar essa
ótica ao regime absolutista que mais tarde desencadearia a Revolução Francesa.
Em outras palavras, todo tipo de opressão, camuflada ou não, tem limites e faz
com que o povo se rebele contra os abusos.
Destaco outro trecho da cena “O
último discurso” do filme “O Grande Ditador”, o qual demonstra que a ideologia
do Estado é aquela que segrega o povo em classes, sob a ótica de uma falsa
democracia que exclui a sociedade, restando ao povo se unir para combater essas
mazelas a ele impostas:
“Portanto – em nome da democracia –
usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo… um mundo
bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e
segurança à velhice. É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido
ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão!
Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o
mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à
prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso
conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia,
unamo-nos.”
O dia 17 de junho de 2013 ficará
marcado pelo dia em que o povo brasileiro, independente de fronteiras, se uniu
para entoar um grande grito de liberdade. Descartando problemas pontuais
passíveis em quaisquer manifestações em massa, o grito preso há tempos na
garganta finalmente explodiu! Hoje vemos o País despertar, o que se reflete na
busca pela liberdade contra os abusos que por tempos têm sido seu maior fardo.
E o que se espera é que esse ritmo de protestos continue e ganhe cada vez mais
força.
A luta pela Liberdade, em suas
aplicabilidades e contextos, é legítima. Algo que deve ser reiterado, algo que
sirva de inspiração para gerações presentes e futuras. Chega de abusos!
Tendo por base o já exposto, sugiro
que assistam ao vídeo abaixo. Para cada ato injusto que prive à sociedade
em algum sentido, existirá uma reação, mesmo que tardia. A conclusão ficará a
cargo de cada um!
*Texto
escrito com a colaboração do historiador Daniel Nunes.
* Texto de minha autoria originalmente publicado no blog Diversidade Convergente.
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