12 março, 2009

Aprender a ver...


Da noite para o dia, tudo aquilo que você mais relutou ousa voltar à tona. Percebe que as tentativas de jogar tudo para debaixo do tapete foram em vão. Muitas coisas ficaram por lá, teoricamente escondidas, até que algo maior as libertasse. Elas nunca foram apagadas. O duro é constatar que alguns fatos certamente não serão esquecidos se deixados para trás... Ao contrário, todo esse decorrer do tempo os intensifica. Você se sente surpreendido, percebe que coisas do passado ainda te testam. A questão é: “Estarei pronto a desafiá-las?”

Cedo ou tarde, chega-se em um ponto em que se sentir fadigado em esconder momentos chaves que se passa em nossas jornadas é inevitável. Chega um tempo em que a única opção é bater de frente. É quando você se dá conta que não há mais para onde fugir: é hora de mudar.

Você finalmente tenta ser aquela pessoa que se manteve em um lugar obscuro por um tempo. Aquela pessoa que você escondia. Tenta deixar de lado as sombras que criou ou que criaram para você. Passa a analisar constantemente quem és realmente. Não se trata de um personagem. Você é você e ponto final.

A dificuldade em reviver certos momentos é imensa. Vez ou outra você se vê acuado, prestes a cair, mas algo que você tem em mente não permite que você se entregue. Você é instruído.É jovem e forte, quase inatingível. Apenas por um momento...

Ao relembrar do quão forte você foi em tempos passados, não entende como isso faz com que você se sinta tão fraco agora. “Por que?”- se pergunta. Não sabe ao certo até quando poderá suportar uma dor incessante, que te corrói por dentro; uma dor crônica da alma.

Reflexões te fazem reconhecer que podemos sim ser fortes, mas não implica dizer que o correto é ser auto-suficiente. Ao encarar momentos tenebrosos, você que sempre foi uma muralha que serviu de apoio para tantos, se vê tentado a pedir, também, um apoio. Tanto tempo fugindo, se reinventando para não ter que precisar de ninguém. Quando percebe que viveu demais em tão pouco tempo e se viu obrigado a amadurecer pagando os mais altos preços, você finalmente admite que já não dá mais.

É a hora de quebrar barreiras que você criou. Hora de permitir que alguém que mereça a tua confiança se una a ti e compartilhe aquilo que nunca deixou de ser um marco em sua vida, por mais que tentasse tornar essas facetas irrelevantes... Mas elas nunca foram.

Aos poucos você observa que a tua alma mutilada se recompõe gradativamente. Cicatrizes sempre existirão, mas não há mais que se falar em feridas abertas com um sangue que jorra sem parar.

Percebe ainda que há muitas coisas boas a serem vividas, e que aquele seu ceticismo dá lugar à esperança. O amadurecimento te habita. Você que tanto quis permanecer de olhos fechados, finalmente permite que lhe abram os olhos. Passa a enxergar além, a vista é bonita e é possível adentrá-la. Consegue descobrir o teu melhor através de outra pessoa que nada mais faz do quê mostrar que o teu melhor nunca deixou de existir.

Outro bloqueio foi quebrado. Dessa vez, a tua miopia moral sucumbe e te torna apto a enxergar longe, além do horizonte. Você consegue ver! Volta a enxergar após tanto tempo sendo alguém que preferiu ser cego ao presenciar situações que poucos viram e que muitos não suportariam ver. Protelou a sua cegueira, tentando deixar em segundo plano a necessidade de ver.

Finalmente uma luz irrompe em sua vida, e você se dá conta de que a visão é um dos mais belos sentidos.

Após essa longa caminhada de idas e vindas de dias vividos, do presente e das expectativas para um futuro próximo, o que passa a inundar a sua mente é que agora você tem noção de que os seus olhos devem ser efetivamente usados. Mais do que nunca, você sabe e é convicto nisso. Fará o máximo para usá-los como nunca o fez antes.

Siga este caminho, mantenha este foco! Após ter visto e vivido sob variadas óticas, saberá dar valor a tudo aquilo de bom que a vida te reserva. Logo irá descobrir o quanto a visão pode ser maravilhosa... Faça por onde acreditar!

Acredite!

08 março, 2009

Um sonho...


"Sentir que sentimos
Saber que sabemos
Ser o que somos
Sonhar o que sonhamos
Somos simplesmente sonhos
E sentimos que sem sonhos
Somos sem sentido
E o sentido de ser o que somos
É saber que os sonhos,
Semelhante aos sentimentos
São superiores aos sofrimentos."
Joamila Brito



Sonhos, por que sonhamos? Dizem que sonhos são construções imaginarias resultante do processo de enquadramento cerebral para questões cotidianas e uma pluralidade de eventos emocionais de cada pessoa. Nossos olhos enxergam coisas que antecedem o que realmente está presente. As imagens são constituídas no cérebro. Necessariamente não precisamos ver algo para idealizá-la, basta que a imaginemos.


Pois bem, fugiremos desse foco cientifico e entraremos num contexto do qual impera a crendice social. Pois o grande desafio das pessoas é tornar seus sonhos em realidade.


Uma mulher via quem o amava e quem ela amava. Esses sonhos se repetiam, porque exprimia uma vontade muito grande de reaver essa pessoa que já não mais estava viva. Sempre acordava angustiada pela última lágrima não contida. Sem nunca entender o porquê daquele sonho se repetia, mas não buscava interpretá-lo, a seu ver era apenas sua própria tentativa de se conter sonhando com quem amava.


Toda vez, após a luz se apagar e seus olhos fecharem, ela partia em busca da pessoa que amava em seus sonhos. Tudo que queria era fugir da realidade, fugir do previsto desconforto que estava submersa. Todos os sonhos ela se punha distante da realidade. Mas ao voltar pra realidade sempre se dava conta que lhe restava à dor da ausência e da verdade que aquela pessoa só residiria em seus sonhos.


Ela parecia querer sonhar seu amor para sempre. E não havia mais nada a se fazer, era mais um sonho que se findava. Olhava para si no espelho e se sentia fragilizada, na ânsia da ausência olhava e não via o amor que tanto precisava. Seu sorriso se sobressaia junto a dor, viver feliz era uma tarefa quase impossível. Ela via o tempo passar por sua vida desejando que a pessoa que amava estivesse a esperando, como sempre, em sua casa. Era essa sua grande tentativa de ver além do olhar.


Quando triste olhava para o céu e numa noite mais, o sonho aconteceu. Lá estava ela de frente para a pessoa que a amava. E ela perguntou por que ele havia partido sem ela...Dessa vez ele dispensou o fato de aconselhar e lhe disse:



_ Eu não parti, caminho agora entre jardins e flores cujo perfume exala os cheiros mais suaves. Toda noite venho aqui e te vejo neste jardim, seu perfume me atrai sempre como em vida. Enxugue suas lágrimas e venha comigo, quero te mostrar como tem sido minha realidade. Eu sei que se põe a sonhar comigo todas às noites, assim como me ponho a sonhar contigo todas às noites e com todas as pessoas que amo. Ambos sonhamos em vidas paralelas. Quando hei de acordar também sinto a sua falta...Olhe, aqui é o lugar onde minha vida acampou: sorriso, felicidade em abundância, onde a dor não pode atingir ninguém, onde a felicidade brota de forma primaveril. Minha vida agora é ser feliz, não entendo porque tanto choras se me amas, saiba que estou colhendo os louros pela minha trajetória dedicada em vida. Combati o bom combate e agora descanso no leito da vida reservada apenas aos que primaram pelo bem, tenho certeza que você compartilhará comigo ainda uma eternidade.



Sem palavras ela podia sentir a paz do lugar, a felicidade, suas lágrimas e sua dor não tinham espaço naquele lugar. Mesmo assim ainda era difícil aceitar viver a ausência. Na sua angustia perguntou em palavras trepidas carregada de amor:



_ Quando é que meus olhos hão de vê-lo mais uma vez em realidade e não em sonhos?



Com seu olhar austero, sereno a responde:



_ O sonho é você que vive. Eu vivo agora para eternidade, em breve iremos nos encontrar novamente e o tempo aqui não é um fator. Quando você acordar de vez, como eu fiz, e teus olhos me ver mais uma vez, verá que a realidade é aqui e que o verdadeiro amor sempre espera. Tenho ido de encontro aos sonhos das pessoas que me amam porque seus corações exalam o perfume que me faz reencontrá-los e com isso posso matar minhas saudades e mostrar que estou bem. Bom, permaneço em ti, nunca estará sozinha, nunca a desamparei, nunca faltei com o meu amor por ti. Sei que sonhas comigo porque me amas, assim como já disse que posso reencontrá-la através desse amor, ambos estamos juntos agora, você em sua realidade e eu na minha. Atente, eu carrego comigo um pedaço seu, assim como você também tem um meu e esse pedaço do amor que nos cabe sempre nos manterá unidos, seja em sonhos, seja em qualquer realidade. E o amor que temos um pelo outros nos unirá dentro de nossos corações...



Ela agora chorava com a felicidade e não mais coma angustia que sempre a acompanhava. Pôde se dar conta que a grande comparação é que a sua realidade era o sonho breve em que vivera ao lado de quem tanto amava e a realidade para a qual a pessoa que amava passou a viver era a grande verdade.


Olhou para trás e via o cenário dos seus sonhos: ruas, casas, estradas, sem nada e então acordou. Quando acordou não lembrava de todo amparo que recebeu de quem amava no sonho, pois nosso cérebro só é capaz de recordar os momentos que flagra no instante breve antes de acordarmos e que saímos de um estágio de sono. Ela só lembrou das ruas vazias, das casas e da estrada. Porém, sentia uma felicidade anormal nunca antes sentida em outros sonhos.



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Qualquer semelhança entre esse sonho e a realidade de uma pessoa... Não é mera coincidência.


05 março, 2009

Para além da busca


“O destino une e separa pessoas. Mas nenhuma força é tão grande para fazer esquecer as pessoas que, por algum motivo, um dia nos fizeram felizes!"


A dita felicidade parece ser a exceção mais buscada, mais desejada durante à vida de todos. Incrível como nos fadamos em busca da felicidade, não obstante, ainda nos damos ao luxo de pensarmos que ela só pode residir em outra pessoa. Torna-se obrigatória, então, uma busca incansável atrás da felicidade em outras pessoas.

Além de buscarmos felicidades em outras pessoas, ainda conseguimos culpá-las caso não nos ofereça a tal felicidade. “Somos vítimas da infelicidade”. Nunca nos damos conta que somos reais algozes da nossa própria incapacidade de sermos felizes.

Em busca do complexo, para atingirmos o ápice da felicidade, deixamos fatos simples passarem despercebidos. Tal simplicidade poderia nos proporcionar uma felicidade tão intensa quanto à depositada em outras pessoas, em conquistas e demais motivações que pedem um esforço tão enorme que o preço, pago para tal felicidade, sai muito caro, talvez leve uma vida toda para alcançá-la. Enfim, a complexidade em acharmos e enxergamos a felicidade nos priva da própria.

Bom, eu não era diferente dessa “regra geral”. Como tal, quis ir atrás dela em “coisas complexas”. Na verdade, estive mais próximo da infelicidade por descobrir que a minha opção nem foi tão feliz. Mas, a felicidade está em todos os lugares, atentem para essa frase: “ a felicidade está em todos os lugares”. Sim, essa é a realidade, eu nem precisaria buscar em outras pessoas a felicidade, quando na verdade ela só pode residir em mim, muito menos buscar felicidade praticando o complexo(entendam complexo como algo difícil que nos transfere a sensação de realização). Eu nem precisava ir tão longe, mas foi só lá, longe, que descobri (não a felicidade) que a felicidade poderia estar na dor aliviada, na perda contida, no sorriso agradecido e até na descoberta que não é preciso de muito para atingi-la.

Existe uma máxima bíblica muito usada no meio militar que costumo entender e agregá-la para minha vida: “ quando a mente não pensa, o corpo padece”. Engraçado que foi justamente no meu erro que pude compreender a complexidade em uma simplicidade de criança, literalmente falando. Realmente, crianças não mudam, seja qual for o problema elas sorriem fácil e, através do sorriso, você descobre que a felicidade reside em qualquer lugar, BASTA QUE VOCÊ QUEIRA SER FELIZ.

Poderíamos parar de perder tempo em buscar a felicidade em tudo, menos em nós, e começarmos a ser felizes sem decreto, a revelia mesmo. Entre outras palavras, quem experimenta o gosto amargo de ver pessoas tão importantes partir da nossa vida se dá conta que existia tanta felicidade em coisas tão simples que se fazia, apenas com a presença da mesma. Em pouco tempo vi muitas pessoas que gostei partir repentinamente da minha vida, pessoas que como eu um dia pensaram que a felicidade estaria num sacrifício.

Aprendi a lição. Tento ao máximo sentir o prazer das coisas simples que acontecem em minha vida. E com isso aprendi a dar valor num abraço, num simples elogio e, mais do que nunca; APRENDI A ME DESPEDIR DAS PESSOAS QUE AMO COMO SE FOSSE À ÚLTIMA VEZ. Com toda intensidade que o momento requer, pois hoje ela me faz feliz e amanhã pode ser o motivo da minha tristeza.

03 março, 2009

Correndo atrás da luz


"Quando fala o amor, a voz de todos os deuses deixa o céu embriagado de harmonia".

William Shakespeare




Os ventos que sopram, em nossas vidas, quase sempre não estão em nossa direção. É preciso descobrir a direção para onde eles sopram, para que possamos sentir o acalanto da brisa em nosso corpo. Não devemos buscar consolo apenas, nem rosas. Devemos buscar forças e o perfume das rosas, porque esses detalhes nos fazem elevar.


Conheço uma breve história de duas pessoas que se encontraram pelo acaso do destino e irei compartilhar aqui neste espaço. Obviamente, apenas conheço a história de um, e será pelo foco dessa vertente que conduzirei esse texto. Ainda que eu transite nos dois, irei me delimitar à visão de apenas um, talvez esse um multiplique-se e seja apenas o reflexo duplo dessa história.

-Darei o nome de ARES (deus da guerra, entendam...tem que ser guerreiro)para enquadrar o personagem principal desse texto e VITÓRIA para o personagem que será fruto da busca de ARES –

O desenrolar tem um cunho mitológico, afinal, minhas raízes dentro da ciência humana afloram num apelo para à história. Sem delongas, entremos nessa história:

As pessoas estão sempre em busca de algo, sempre existe algo a se buscar, mesmo que incessante. Não seria diferente com Ares que, já cansado de travar inúmeras batalhas em busca de se acertar, colocou mais dificuldades ainda para que encontrasse sua amada.

Ares queria ver o amor para entender que tudo nasceria a partir de uma troca. Na verdade, Ares queria deixar o seu campo de batalha e conhecer a paz. Só poderia fazer isso através do amor. Estava disposto a deixar de lado toda sua personalidade destrutiva. Cansado de buscar preencher o vazio com vazio, Ares decidiu sair em busca da essência nas pessoas.

Passou a conhecer diversas pessoas, analisá-las e sempre chegava à conclusão que havia falhado. A essência das pessoas estava sempre submergida, em “águas profundas”. Faltava oxigênio para ir tão fundo, faltava vontade de submergir de si próprio para que outros vissem seu elo tão importante com a vida. Entre uma essência e outra, Ares temia ser mal sucedido, estava num campo adverso ao que estava acostumado a lidar. Ares procurava e , às vezes, era procurado, não tinha chegado ao seu denominador comum.

Ares não sabia que a essência de cada pessoa, muitas vezes, está reservada a quem esta pessoa queira oferecer. As dificuldades cresciam a cada procura. Ares não desistia e conseguiu encontrar uma pessoa com a qual se encantou com sua essência. Ares animou-se, porém, viu que isso estava limitado a ele e que deveria travar uma batalha: a batalha da conquista. Estava definitivamente perdido, não sabia lidar com sentimentos que não fossem os práticos para sua atuação, mas ares sempre se deixava contemplar por essa luz que lhe foi apresentado.

O tempo veio a cobrar, mas a única parte que Ares tinha para demonstrar era que havia encontrado, mas que não estava certo que nesse percurso ele deveria largar todas suas armas e lutar com a única arma da qual ele não fazia uso: o coração. Perdido em si, Ares sentiu fragilizado, à beira da derrota. Acostumado a travar grandes batalhas e sempre experimentar a vitória, por essa vez, se sentiu fadado ao fracasso. Se preparou para bater em retirada, mas antes, precisava olhar novamente para Àquela luz que o encantara.

A procurou mais uma vez, manteve uma distância, pois não era possível se aproximar. Olhou em sua direção e viu àquela luz crescer em sua direção. Se sentiu imóvel, hesitava em se afastar, até que o desafio é lhe proposto. Ares sem nenhum preparo resolve encarar seu destino e percebe que Àquela luz o buscava muito antes dele entrar no campo de batalha. É tomado por uma felicidade tremenda, onde passa a perceber o que jamais havia sentido, treme, sorrir, chora ao ver que àquela luz se transforma na VITÓRIA. A tal luz ganha características humanas para a sua felicidade. Ares se enxerga realizado e pensa não precisar de mais armas, teria vencido a grande e única batalha que sempre quisera vencer.

Vitória era a essência em luz que Ares pretendeu e buscou. Quando alguém vem ao mundo, com certeza, é um dia de alegria para muitos. Mas cada um que nasce absorve um propósito no decorrer da firmação de sua existência, vitória teria a sua. A divina providência resolveu demonstrar para Ares que para manter a Vitória em sua luz, ele precisaria continuar como um deus da guerra travando lutas diárias. Agora não mais pelo êxito individual, mas pelo elo criado entre os dois que ares tomaria sua frente.

Foi então que a luz que emanava em Vitória lhe foi tirada. Vitória sentiu a dor e profunda tristeza, mergulhada em profunda escuridão se encontrava. Ares viu que a cada instante, para rever a luz em vitória, precisaria dá-lhe um motivo para sorrir. Passou a buscar incessantemente em todas as frentes motivos para devolver um sorriso em Vitória.

Ares não deixou de combater, nem Vitória perdeu sua essência que emanava em sua luz. Ares precisava oferecer um sorriso à Vitória para que ela lhe desse o seu brilho e, dessa forma, se mantivera guerreiro e a outra com seu brilho. Ambos oferecendo um ao outro o estimulo necessário para que continuem a se manter em sua essência com amor que se renova a cada dia, em que um vence uma batalha para o outro.


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A razão que nos motivam em buscar a essência das pessoas está justamente na reciprocidade. Você só é forte o suficiente para encarar os obstáculos se estiver bem amparado com a qual lhe ofereça propósitos para continuar, travando dia após dia a mesma batalha. Ares e Vitória são apenas um feixe dentro de um universo que, neste exato momento, translada a realidade que antes jamais se pensaria possível. Essa história já decorre cinco meses, passe o tempo que passar, dias ainda irão nascer e ficará marcada, escrita de uma forma que não se apagará com um simples passar do tempo.

01 março, 2009

Reencontrar o horizonte em si



"I see skies so blue and clouds of white
The bright blessed day, the dark sacred night
And I think to myself, what a wonderful world"

"Eu vejo os céus azuis e as nuvens tão brancas
O brilho abençoado do dia,e a escuridão sagrada da noite
E eu penso comigo... que mundo maravilhoso"

What A Wonderful World -Louis Armstrong



Ao subir uma montanha e ao passar por cavernas, que eram esconderijos de homens, um horizonte se mostrou. Não existiam mais esconderijos ali, por vez, parecia o único esconderijo de um horizonte perdido. Há 15 dias o inverno chegara por aquelas bandas. A imensidão seca havia sido coberta por uma camada de gelo e neve. O céu estava azul e contrastava com o branco da neve, mais ao longe uma infinidade, uma infinidade de azul.


A noite chegava rápido e com ela as estrelas. Ninguém mais desceria dali hoje, passariam à noite: agasalhados, sentados, a maioria a dormir. Mas, o azul dera lugar ao escuro que agora contrastava com o brilho reluzente das estrelas. Era um dia de paz, dormir para quê? Deixar os pesadelos de lado e contemplar, contemplar o que o mundo naquele instante oferecia. Cansado, muito cansado por longos dias incessantes de muito fogo e já chegava há dois meses de gritos, dor, choro e solidão.


Sentado num precipício revendo feedback de uma vida deixada para trás que jamais se reencontra. Mas não, não era verdade. Parecia que cada estrela vinha com uma página vivida. As estrelas salvaram o dia. Reencontradas em seus brilhos ofuscantes estavam lembranças. E quanto mais à noite avançava madrugada adentro, mais interessante se mostrava. O inverno traz consigo o silêncio, mas não conseguira calar aquele horizonte que estrondava perante os olhos de quem o contemplava.


Sim, estava encantador, um sorriso descia calorosamente perante o rosto alquebrado por tudo que era dor. A vida aquecia, apesar do mundo frio que estava ali perante sua imagem. E esta noite não existia alternativa que não fosse resgatar tanta coisa perdida. O horizonte era lindo, grande e espaçoso, caberia tudo que se podia querer. Ofegante com o ardor do clima, lembrara que dias atrás estava profundamente abatido, talvez desistido de acreditar que dias encantadores poderiam voltar a ter.


O olhar fixo, pouco fechava e pensava, pensava como àquela noite estava encantadora. A verdadeira alusão do esplendor havia lançado seu feitiço. Enfim, a emoção não era mais uma suplica persistente. Momentos tempestuosos não imperavam por ali, mas sim a liberdade. Poucas nuvens altas chegaram para enfatizar aquele momento e um pequeno sereno acentuou de vez todo o clima. Naquela noite nada era distante, tudo era próximo. Todas as estrelas ouviram teu pensar e estavam tão perto de ti.


Agora era à noite que cedia lugar ao dia, a luz. Seus olhos não havia fechados para descansar naquela noite, pelo contrário, descansaram debruçados naquele aconchegante momento. As estrelas serviram de espelhos e refletiram sua vida. Já podia ouvir o coração acelerar e os olhos brilharem ao amanhecer, as estrelas se apagavam enquanto seus olhos começavam a colher o brilho deixado por elas.


Perante o dia era hora de deixar aquele lugar desabitado por homens e somente ocupado por aquele horizonte. Ao descer tinha a certeza que não deixara nada para trás e sim que cada estrada é longa e que sempre existem montanhas em nossos caminhos, cada uma poderia oferecer um novo horizonte. E que cada dia poderíamos escalá-las em busca de um alento. Pois é lá, lá onde os ventos límpidos e nada mais alvo que a neve podemos encontrar para apaziguar nossa alma. Só lá você ficaria tão longe do mundo e tão próximo de si.