Estranho perceber a quantidade de conceitos prontos sobre quase tudo que nos cerca. Oportunamente, estes conceitos e mesmo as definições acabam sendo acatados por nós. E por quê respostas prontas se tornam aceitas? Por serem meramente “prontas”. Se todos aceitam, por quê alguém ousaria criticar?Quando vemos um objeto ou uma situação, nem sempre os vemos como realmente são. O “ver” está intrinsecamente ligado ao “valorar”. Dá-se valor às coisas antes mesmo de ousar distingui-las. Um pré-conceito, um pensamento formado e submisso à habitualidade dos julgamentos imperativos do ambiente social que se vive.
Não escapamos disso. Raros são aqueles que têm a incumbência (moral ou profissional) de criticar antes e valorar depois. Geralmente, é ao contrário: primeiro se atribui valores, posteriormente se critica; o que pode perder a sua eficácia, já que ao se atribuir valores, torna-se difícil se desprender das tendências axiológicas previamente atribuídas.
Criticar, segundo uma concepção já idealizada por Reale e que vai de acordo com o que defendo também, significa atribuir novos valores e se desvincular de antigos aprendizados. Um olhar fugaz da coisa, não basta; tampouco um olhar infestado de influências. Talvez seja preciso examinar, apreender o objeto em foco, e, assim, “aprender a desaprender” para que seja viável o reaprendizado de maneira efetiva.
É possível, agora, ter uma noção do surgimento de um preconceito? Na minha humilde opinião (se é que ela vale alguma coisa), sim!