Não há dúvidas de que a representação artística é um dos métodos comunicativos mais ricos da humanidade. Tem-se registros artísticos desde o período pré-histórico, sempre atribuindo um significado à obra visando transmitir uma mensagem.
A pintura Guernica não se trata de uma obra vinculada aos padrões estéticos acadêmicos. E não se equipara de forma alguma ao culto ao “belo” tão presente na arte grega. Mas esta tela chama a atenção por tamanha expressividade. Pablo Picasso (1881-1973) pintou o quadro em 1937 com o intuito de chocar e mostrar a sua grande revolta em relação ao bombardeio nazista ocorrido na cidade espanhola de Guernica. Este ataque resultou na morte de muitos inocentes, incluindo mulheres, crianças e trabalhadores civis.
No mural há a representação de corpos no chão, pessoas desesperadas, animais contorcidos, o clarão da bomba; tudo representado de maneira distorcida de acordo com a tendência cubista, sem deixar de ressaltar a violência da cena. O esquema de cores é limitado ao preto, branco e cinza. Um aspecto monocromático que realça ainda mais o lado sombrio da guerra para o artista. Às vezes uma manifestação por meio da arte pode ser muito mais significativa e emocionante do que os próprios relatos do fato.
Pablo Picasso foi e ainda é um marco na história da arte. Um artista com uma personalidade tão marcante quanto o seu talento. Enquanto seu apartamento em Paris era revistado, um oficial nazista viu uma foto da obra Guernica na parede e indagou a Picasso: “Foi você quem fez isso?” Ao que Picasso respondeu: “Não, vocês o fizeram”.