23 dezembro, 2008

E o "tempo" passou...


Dia desses, enquanto pensava em tudo que me ocorreu nesse ano, algo muito estranho aconteceu: o tempo parou. Subitamente, tudo ficou suspenso: pessoas, relações, sentimentos - foi como se tudo girasse e deixasse de girar em seguida. Até mesmo os ponteiros do relógio ficaram imóveis para mim. Eu era apenas mais uma ocupando um espaço sem nem mesmo me dar conta de que espaço era esse. Os pensamentos eram simples. Desses tantos que eu tenho de como eram as coisas e de como elas serão daqui pra frente após algumas mudanças.

Certo dia me disseram que tenho “problemas” com o tempo. Sim, eu tenho. Sou muito ligada a momentos que passaram e não voltam mais, e talvez por isso, o futuro me assuste tanto. Talvez tenha sido o silêncio, a solidão, a saudade ou apenas minha mente me pregando uma peça. Por alguns milésimos de segundo, senti que meu estado era catatônico. Não sabia aonde ir, aonde ficar, o que fazer e o que pensar. Estava estática.

Fiquei apreensiva e, num piscar de olhos, tudo voltou: os sons, as cores, as formas, o movimento, as velhas lembranças que tanto me acompanham... e o automático relato dessa experiência boba, porém incomum (que alguns podem ver como loucura)!

Não é necessário entender o que está escrito. Por vezes, só eu me entendo no meio de tantas frases confusas. As palavras são mágicas para alguns, para outros não. É tudo uma questão de escolha. Você escolhe ser tocado ou não por meras frases. Talvez não seja escolha. Pode ser uma questão de estado de espírito mesmo.

Os dedos digitam sem parar os pensamentos soltos que meu cérebro envia. Mesmo sendo avulsos, estes pensamentos estão focados em um objeto específico que nem eu mesma consigo descrever. Talvez por ser tão íntimo, ninguém além de mim possa entender.

Sempre quis que o tempo parasse nos momentos mais felizes da minha vida, mas ele nunca parou. E essa continuidade do tempo me fez enfrentar momentos inevitáveis e difíceis. A vantagem é que, mesmo com essa continuidade desenfreada, os momentos felizes continuam eternizados na memória. O problema é que sabendo que momentos felizes passaram, tenho certeza de que o tempo não parou.
Isso me afligiu por um tempo. Ainda me aflige às vezes.

E agora, num dia qualquer, quando ele finalmente “pára”, eu fico: fragilizada, imóvel, com os olhos arregalados e com um olhar vazio... sem fazer nada, além de vagar paradoxalmente na presença da ausência ou ausência da presença. Apenas lembranças, apenas perguntas de como será de agora em diante.
Estive confusa! E por um instante, estive perdida!